Segundo Euclides da Cunha, o Umbuzeiro é a árvore sagrada do sertão - É originário dos chapadões semi-áridos nordestinos, de suas regiões menos chuvosas. Perde todas as folhas na longa estação da seca e, com as primeiras chuvas, se enchem de folhas e flores. As suas raízes são verdadeiros reservatórios de água, servindo também para comer; as folhas são apreciadas como alimento pelo gado e os frutos de sabor agradável são fontes de vitaminas. Sua produção é elevada: cada árvore dá 300 kg/ano de frutos. Ao amadurecer o umbu passa da cor verde para um tom meio amarelado.
Do Umbuzeiro se aproveita quase tudo, os seus frutos são consumidos in natura, na forma de geléias, doces, umbuzadas; das batatas fazem tijolos (doces). As flores atraem abelhas; as folhas são apreciadas pelo gado. Na medicina popular o chá das folhas é indicado para diarréia.
Numa viagem de promoções sociais na caatinga, eis que dona Ruth Cardoso, depois de largar seu ateísmo e empacotar a sua caridade em forma de cestas básicas, é tomada por uma visão, um alumbramento, um regalo d'olhos nunca dantes experimentado.
A primeira-dama acabara de avistar uma árvore frondosa, demasiadamente verde e encantadora no contraste com a castigada paisagem cinza e sertaneja.
- Dona Ruth, trata-se de um umbuzeiro! -, gritou o mais avexado dos xeleléus da comitiva oficial.
- Árvore ímpar, da família das Anacardiáceas, também conhecida, por estas plagas, como imbuzeiro - emendou o Rui Barbosa local, puxa-saco interestadual, renomado em Juazeiro, Petrolina e região.
Um terceiro abestalhado, disputando a oratória no coice, completou o serviço:
- Pai e mãe do sertanejo, do umbuzeiro se aproveita tudo: a sombra no mais senegalesco dos verões, o fruto e na seca brava e até a raiz quando não há mais nada para se comer.
Ainda abismada, dona Ruth ergueu a voz e disse que queria conhecer de perto, abraçar aquela maravilha, tocar o umbuzeiro.
Outros seiscentos mil bajuladores abriram caminho.
Lá se vai a Comunidade Solidária em passos largos.
Mas quando a comitiva estava se aproximando da tal árvore da família das Anacardiáceas, eis que um segurança avista um pacato sertanejo agachado ao pé do tronco.
- Peraí! E corre apressado para tentar retirar a pobre criatura que usa a frondosa sombra como latrina.
Mais que isso. Como refrigério d'alma, quase um exercício zen, uma honesta e merecida pausa cagatícia na peleja severina.
Ríspido, grosso que só papel de embrulhar prego, o segurança parte para tirar na marra o tranqüilo sertanejo da paz do umbuzeiro:
- Levanta daí, condenado, não tá vendo que dona Ruth vem chegando, miserável?!
Calça arriada, cigarrinho no canto esquerdo da boca quase banguela, o sertanejo desabafa:
- Agora lascou-se! O marido dela não deixa a gente comer e agora ela não deixa a gente cagar...
Do Umbuzeiro se aproveita quase tudo, os seus frutos são consumidos in natura, na forma de geléias, doces, umbuzadas; das batatas fazem tijolos (doces). As flores atraem abelhas; as folhas são apreciadas pelo gado. Na medicina popular o chá das folhas é indicado para diarréia.
Numa viagem de promoções sociais na caatinga, eis que dona Ruth Cardoso, depois de largar seu ateísmo e empacotar a sua caridade em forma de cestas básicas, é tomada por uma visão, um alumbramento, um regalo d'olhos nunca dantes experimentado.
A primeira-dama acabara de avistar uma árvore frondosa, demasiadamente verde e encantadora no contraste com a castigada paisagem cinza e sertaneja.
- Dona Ruth, trata-se de um umbuzeiro! -, gritou o mais avexado dos xeleléus da comitiva oficial.
- Árvore ímpar, da família das Anacardiáceas, também conhecida, por estas plagas, como imbuzeiro - emendou o Rui Barbosa local, puxa-saco interestadual, renomado em Juazeiro, Petrolina e região.
Um terceiro abestalhado, disputando a oratória no coice, completou o serviço:
- Pai e mãe do sertanejo, do umbuzeiro se aproveita tudo: a sombra no mais senegalesco dos verões, o fruto e na seca brava e até a raiz quando não há mais nada para se comer.
Ainda abismada, dona Ruth ergueu a voz e disse que queria conhecer de perto, abraçar aquela maravilha, tocar o umbuzeiro.
Outros seiscentos mil bajuladores abriram caminho.
Lá se vai a Comunidade Solidária em passos largos.
Mas quando a comitiva estava se aproximando da tal árvore da família das Anacardiáceas, eis que um segurança avista um pacato sertanejo agachado ao pé do tronco.
- Peraí! E corre apressado para tentar retirar a pobre criatura que usa a frondosa sombra como latrina.
Mais que isso. Como refrigério d'alma, quase um exercício zen, uma honesta e merecida pausa cagatícia na peleja severina.
Ríspido, grosso que só papel de embrulhar prego, o segurança parte para tirar na marra o tranqüilo sertanejo da paz do umbuzeiro:
- Levanta daí, condenado, não tá vendo que dona Ruth vem chegando, miserável?!
Calça arriada, cigarrinho no canto esquerdo da boca quase banguela, o sertanejo desabafa:
- Agora lascou-se! O marido dela não deixa a gente comer e agora ela não deixa a gente cagar...
Texto do Advogado Gilberto Moura
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