Sargento Pedro trabalhou muito tempo no Batalhão Martim Soares Moreno em Arcoverde/PE. O bicho era ignorante que só a molesta dos cachorros, mas se reformou na gloriosa, hoje desfruta do sossego, e claro vez por outra lembra do passado na caserna.
Certo dia, a fia do véi Mané cabrinha resolveu se casar. A festa seria realizada no sítio do dito cujo. Estava programado servir um jantar para os convidados, seguido de uma tocada de forró pé de serra. O pai da noiva avisou aos convidados que iria matar seis poicos, dois pai de chiqueiro e trinta galinhas de capoeira.
O casamento estava marcado para o sábado à tarde, porém, na quinta-feira seu mané foi bater no quartel pra pedir segurança na festa. Ele até falou ao comandante que já tinha presenças confirmadas de convidados importantes, como o Delegado de Polícia, o prefeito, um juiz de menor, que na época existia, a parteira Naninha, Chico Matador de Poico, Zé Rasga Saia, João do Toiça, Tôi Sapateiro, e o tocador de gaita Dagilson Linguão.
Pois bem, o comandante determinou que o sargento Pedro fosse dar segurança na festa de seu Mané, afinal eles eram amigos e vez por outra o véi agradava o homi com uma penosa gordinha, gordinha.
Quando chegou na casa da festa, o sargento olhou para os soldados e falou: - meninos aqui a coisa parece que vai ser boa, vocês vão se arrumando por aí que eu já to de olho naquela matutinha que está escorada na varanda da cozinha.
Aí um soldado desses desenrolados respondeu: - o senhor manda chefe! Peça logo uma garrafa de pinga aí ao véi pra gente torar no dente. Mas o medroso deu um pitaco: - Vamos ter cuidado porque vai ter muita gente importante aqui, eu vi o véi dizendo ao comandante. Um terceiro retrucou: - deixa de ser besta rapaz, esse povo quando vê um taco de galinha fica abestalhado, inda mais que tem porco e bode.
Quando acabou o jantar e o pessoal se dirigiu para a sala do forró. Nisso os homi da lei já tavam cum a língua ferroada. Era nêgo chamando Jesus de Janjão e a essa altura o sargento tava virado na gota serena na língua da matuta Amélia. Os danados tiraram o chapéu da cabeça e colocaram dentro da gandola. O forró já havia começado e só se ouvia o chiado dos coturnos no salão. O sanfoneiro cantava: - É animado ninguém cochila, chega faz fila pra dançar, na entrada está escrito é proibido cochilar!
Quando pensaram que não, tava o sargento e os três sordados cada um com uma dama, dançando e arrasando no salão. Tinha um soldado que tava numa gafieira da brucuta, o suor escorrendo na cara e a farda chega tava ensopada. Numa mesa ao lado o delegado comentava com um convidado: - rapaz olha aquilo, esse cara ganha qualquer concurso de dança, eita soldado dançador da peste! Vou fazer questão de dizer ao comandante dele. Mas não precisou, porque na segunda-feira pela manhã seu Mané foi agradecer ao comandante e falou:
- Comandante, quero lhe agradecer de coração por o senhor ter me mandado aqueles policiais, ô cabras bons! Beberam pinga, comeram galinha, poico, bode e depois foram dançar. Tinha um seu coronel, que dançava tão bem que parecia uma carripêta. Se o senhor for mandar mais gente para as minhas festas mande aqueles. O sargento é uma beleza, agarrou nos beiços de Amélia minha vizinha e só sortou no final da festa. O senhor deve dar os parabéns e ele porque ele é muito cortês e namorador, a polícia tem que ter cabra macho assim. Não gosto de sordado que fica no pé de parede cum os braços incruzado olhando o tempo passar. Pois bem, lhe trouxe esta galinha e obrigado!
Assim que o véi Mané saiu da sala, o comandante chamou o sargento e seus comandados e deu uma esporro da molesta. Ainda teve um engraçadinho que respondeu ao comandante: - errar é humano coronel, principalmente quando se trata de mulher. Atire a primeira pedra aquele que não gostar da fruta! E o comandante retrucou: -cale sua boca soldado, não meta a boca onde não é chamado, estou falando com o sargento. Aí ele respondeu: - mas ele não lhe respondeu nada porque tá com a língua ferruada, o senhor não viu que ele tá bicado?
quinta-feira, 9 de abril de 2009
O sargento Pedro e a gafieira do soldado
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