segunda-feira, 4 de maio de 2009

O dia que chegou telefonia móvel em Carnaíba

Depois do causo de Carlos Ribeiro que movimentou a cidade de Carnaíba em meado dos anos 90, agora a terra da música volta a esta telinha. A cidade cresceu bastante, transmitindo alegria e receptividade aos visitantes. Estou há mais de 15 anos fazendo parte do efetivo daquele Destacamento de Polícia e por isso faço parte do dia-a-dia daquele município. Lá tem figuras folclóricas, Mita do Rádio, Taioba, César Campos, Imperador, Lurita Professora, etc.

A terra do Dantas viveu um dia movimentado da molesta dos cachorros na última sexta-feira, dia 1º de maio. Foi um corre-corre infeliz, ou melhor, feliz. Arriégua parecia que o mundo ia acabar naquela data. Chega me dar arrepio só em pensar no final dos tempos, imagine um pecador como eu, cheio de causos e contos, um falador da vida alheia, diante do Senhor. Mas ele sabe do nosso coração e acredito piamente na salvação, porque a bíblia diz claramente que basta se arrepender e invocar o nome do Todo Poderoso. Oh Senhor Jesus! O que é que há hem? Que mente mais poluída!

Retornei de férias no dia do trabalho. Fui escalado na Cadeia Pública e depois de trinta dias num mundo de extrema alegria, veio o inevitável tédio... Do estabelecimento prisional, ouviam-se fogos e mais fogos, gritos e mais gritos, e um tráfego de veículos nunca visto antes. Fiquei por algumas horas na parte externa esperando alguma pessoa passar no local para perguntar o que estava ocorrendo. A curiosidade era tamanha que liguei para o Destacamento a fim de saber o que danado tava acontecendo nas ruas, devido à barulheira. Eita coisa ruim é o cabra ser curioso e gostar de saber das coisas, sem ter alguém para informar. Mas são ossos do ofício!

Durante a manhã e à tarde não tive um pingo de sossego. Cabra besta não, respeite os homi! Se não quiser ler desligue o computador. Ah, eu não tenho nada haver com seu baixo astral, você que plantou, colha. Ainda pula um grilo falante desse para atrapalhar. Quem te chamou aqui mardito? Não liga, é um enxerido que está de fora do negócio dando pitaco, parece mais aqueles pirus de mesa de jogo que fica com a boca torta mostrando o jogo para o amigo, “é essa outra carta rapaz”, ô ventríloquo desgraçado, mais isso é o que mais tem nos pés de quem está no poder. Prefeito é a peste pra ter esses tristes no pé. A boca chega vive cheia de prega, pé de galinha, feito a gota serena de tanto o infeliz torcer para fuxicar. Ah, infeliz da costa oca!

A viatura tomou um chá de sumiço realizando rondas na cidade, diga-se de passagem que a locada não tem rádio de comunicação, ou seja, os gatos de botas têm que adivinhar o local da ocorrência, ou antonsse passar em frente ao Destacamento de cinco em cinco minutos, o Dudu tá queimado que só a peste na corporação. Ele deu notebook para os professores e a gente nadicas de nada. Bem que eu preciso de um bicho desses mais cadê o dinheiro... Quem sabe alguém um dia me presentei. Fica na tua rapaz, alguém sim, ou você acha que eu não tenho amizades! Mas vamos ao que interessa que Dudu tem que se preocupar em tirar Jarbas do caminho porque se não o tiro vai sair pela culatra. Por falar nisso o senador disse no programa Frente a Frente do Magno que gosta de mulher e de fazer um bom cuzido. Mas deixa a vida do cabeça branca pra lá.

Na madrugada quem disse que dormi? Fiquei somente escutando a doidera na cidade, era som de apito de menino, fogos de toda espécie, buzinas rua acima, rua abaixo, e da Cadeia escutei a macacada gritando, chegou, chegou, e foi doutor Anchieta que trouxe! Pensei comigo mesmo, acho que é o presidente Lula ou o Papa que está lá em baixo, esses danados nem me avisaram. As calçadas estavam tomadas de gente, teve delas que colocou até o som pra tocar, parecendo o dia 31 quando vai se romper o ano. A essas alturas um soldado, desses sem malícia (bizonho) já havia passado a notícia pra toda sorte de gente que ele conhecia. Na escuridão da Cadeia, no cantar dos grilos e no ronco estrondoso do soldado Almeida, eu aguardava ansioso o barulho do motor de um carro, no objetivo de atravessar no meio e perguntar o que febre tife tava acontecendo na cidade.

Como demorou muito, acordei o praça e fiz finca pra rua numa carreira desgramada em minha jumentinha cor vermelha, ano 98. É da tua conta se a bichinha é surrada? Mas serve, pelo menos não pego carona nos carros de lotação e outros particulares. Meu amigo, minha amiga, como dizem os pastores da Igreja Universal, quando cheguei ao centro da cidade, pensei que era “noite de ano”, com tanta gente. A viatura ia numa carreira do cão com destino a uma ocorrência, quando Zezinha Brás deu um grito da gota serena acenando com a mão. O sordado que estava no volante deu um freio que o rastro dos quatro pneus furaram o calçamento. Aí o cabo Bié assustado perguntou:

- O que foi que aconteceu? Estamos pronto para, em condições de!

Aí foi quando Zezinha falou em tom de alegria e descontração:

- O sinal da Tim já está funcionando menino!!! Já pensasse numa coisa desta, parece fim de mundo mesmo!

Minutos após encontrei a viatura e perguntei aos colegas, rapaz desci numa carreira medonha para saber o que está acontecendo em carnaíba em virtude da movimentação. Aí o Nego Bié falou de dentro do carro:

- Relaxa, num é nada não foi só a inauguração da instalação da antena de telefonia móvel, é porque aqui ainda não chegou coca-cola, e o povo ainda tem aquela cultura de esperar o telefone tocar três vezes para atender, se não num presta!

Nisso voltei a Cadeia Pública de carnaíba para ocupar minha função, vigiar os detentos até as 08h da manhã. Se toda cidade que instalasse esse sistema de telefonia fizesse uma festa do tamanho da que fora feita em Carnaíba, Já sei que ia ser o estopim calango mermo!

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