A história política de Afogados da Ingazeira registrou momentos tristes, mas também alguns engraçados. Participaram ativamente de alguns pleitos como candidato (a) a vereador (a), figuras como Baixinho Lanterneiro, Profeta, Aprígio da Granja, Luiz de Hermes, Manoel Brás, o Boi de Jade, Celso Macário, Lalú Vieira, Agenor Galdino, Bartó de Lia, Severino Carneiro, Siqueira Pescador, Antonio Careca, Zé Moxotó, Pé de Banda, Maria Luiza, Zezinho da Carapuça, Dionísio Almeida, Enock Oliveira, Augusto Manoel, Gonzaga Cabeção, João do Kurtiço, Marconi Edson, Zé Gojoba, Hélio Tadeu, Nabor, Tião da Carapuça, Múcio Fidélis, Arnaldo da Sapataria, e até o seu escudeiro político, Zé Brandão.
O nome dele é José Francisco Brandão Filho, já foi do PFLê, do PTB e hoje está no QNSB (Quero Nem Saber). Zé Brandão assim como muitos afogadenses já sonhou ocupar uma cadeira na Câmara Municipal, mas ficou somente no sonho. O danado até leva jeito pra coisa, mas sem dinheiro se torna difícil pra qualquer um, que o diga Zé Negão, Renaldo Lima e Vicentinho... Maria Luiza inventou de pedir voto pensando que o povo ia votar pela lindreza dela, rasgou a boca. A infame tirou apenas nove votos e olha que a desgraçada quase seca as canelas de casa a casa. Pois bem, Zé Brandão inventou de entrar no jogo sem saber da safadeza do povo, principalmente os da periferia.
Tem deles que passa quatro anos pagando as contas de luz, água, aluguel, tudo certinho, mas quando chega o período eleitoral frumina como diz o matuto as casas dos candidatos a vereador. Os boba serena não procuram os candidatos a prefeito, somente os vereadores de paimo em paimo. Eitas febe tife ruim. E o pior é que já viciaram com esta história de trocar o voto por alguma coisa.
Pensando em ocupar uma cadeira na Câmara, Zé Brandão entrou empolgado que só a gota serena. Procurou fazer algumas visitas antes do pleito e decidiu entrar na disputa. Já pensava em comprar um carrinho, um pedacinho de terra no sítio e concretizar outros projetos. Andava todo cheiroso no toque dos perfumes da Avon e quando o suvaco suava o azedo do charisma cobria. Ah, mas ele queria ser o político galã. Sempre de pente no bolso, quando Zé chegava a casa de um eleitor o puxava do bolso e tacava na careca. Era caspa pra todo lado. Em seguida ele batia o pente na ponta da cadeira pra farinha cair.
Sem contar que o bixiguento andava com cotonetes e palitos de dentes na carteira de bolso. Quando um eleitor o convidava pra tomar uma xícara de café ou almoçar, depois de saciar o buxo Zé Brandão, abria a carteira tirava um palito e lascava o condenado nos caninos, era taco de madeira pra todo lado. Inda tinha o chupadinho, xixi, xixi... Dava pra ver o céu da boca do infeliz. Logo em seguida o tradicional cotonete entrava nos ouvidos pra tirar umas bolas amareladas de cera. Os matutos ficavam espiando aquilo como uma coisa do outro mundo, adispois que ele saia, todos ficavam comentando:
- viu que homem educado, anda com os palitos de dente na carteira e limpa os ouvidos com umas varetas de plástico com algodão no bico, isso é que uma coisa de admirar. A gente tem que aprender a educação da rua, é difícil vê alguém assim. Ô minino pega esse palito mordido junto com essa vareta que Zé deixou no chão e joga lá fora! Acho que ele esqueceu. A menininha raquítica coitada pegou a vassoura e assim o fez, com muita satisfação. Ah, antigamente uma pessoa da rua era muito respeitada na zona rural, hoje já não tem mais isso...
Querendo ser caridoso “acreditando que o povo é gente”, Zé Brandão bolou uma estratégia de campanha e foi até Caruaru comprou 550 rádios de pilha, 280 cortes de pano, 450 camisas, 220 conga, 440 cadernos e saiu distribuindo com os conhecidos na cidade e zona rural. Sem levar em consideração as chapas de dente, os frascos de remédio, os exames de vista, as bolas e ternos de futebol que haviam solicitado ao candidato. Felizmente o danado não investiu com as demandas últimas.
Nas ruas ele abordava as pessoas com muita atenção:
- E aí já tem candidato? Quando a resposta era não, ele fazia aquele arrodeio e dava uma tapinha de leve: - rapaz eu sou candidato a vereador e gostaria que você votasse em mim. Não tenho nada pra dar agora, mas depois que for eleito...
Quase todos diziam que sim: - Claro Zé se é de votar nesses cabras ricos vou escolher você, agora eu tô precisando de um milheiro de tijolo, tem como o amigo me ajudar?
Zé olhava todo sem jeito e dizia: - O tijolo não, mas tenho um bocado de rádio de pilha, vou lhe dar um pra você ouvir o resultado da eleição e o meu nome figurar entre os mais votados. Nessa brincadeirinha pegaram tudo do Brandão e quando abriram as urnas, foi uma decepção total. Ele não teve nem a metade do número de rádios doados transformado em votos.
Quando já ia chegando em casa, um gaiato com um rádio doado pelo dito cujo gritou: - eita Zé tu ficasse em primeiro na lista dos candidatos de traz pra frente. Aí ele deu uma poupa da besta cigana: - Vá se lascar rapaz além de lhe dar o rádio você escuta minha derrota com gozação!
Depois disso ele nunca mais quis ser candidato a nada.
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Os aparelhos de rádio que Zé Brandão deu
Postado por Itamar França 0 comentários
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