domingo, 21 de junho de 2009

A esperteza do garoto Heleno Mariano


O saudoso Waldecy Xavier de Meneses apresentou durante vários meses um programa de auditório no antigo Cine Pajeú. Era o “Domingo Alegre”, transmitido pela Rádio Pajeú de Educação Popular. O programa era voltado para a diversão infantil, com várias brincadeiras, apresentações culturais, danças e competições. Naquela época a cidade não tinha a dimensão populacional de hoje e os moradores se conheciam um a um pelo seu devido nome. Ah, mais como as coisas mudam... Hoje nem os próprios vizinhos se conhecem. Também com tanta gente migrando da zona rural pra cidade, fica difícil. Isso tudo por culpa dos nossos governantes que a cada eleição prometem mundos e fundos e quando assumem é um Deus nos acuda com tanta mediocridade e falta de compromisso.

Tem gente que conhece a fundo tal realidade, mas não tá nem aí pra coisa. Sua barriguinha cheia e o salário certo no final do mês é que importa. O pequeno que se vire nos trinta, se quiser comer um feijãozinho com arroz purinho da silva. O que tem de famílias que abandonaram a roça e vieram morar na cidade não está no Gibi. Mas vamos ao que interessa, isso é uma coisa que o Gerente Geral do Prorural José Patriota deve analisar com carinho e buscar uma solução, afinal ele tá com a bola cheia com o governador. Mas com essa ausência desgramada de Afogados da Ingazeira, fica complicado o Patriota diagnosticar o problema. O danado quando chega a Afogados não tem tempo pra nada. Quando alguém o procura, a primeira coisa que faz é olhar pro relógio e explicar que tem um compromisso de urgência, urgentíssima. É um subterfúgio fraco da molesta dos cachorros, talvez ele pense que o povo é besta.

O que bixiga lixa tenho eu a ver com o Coimbra? Homi, ele não está nem aí pra esses comentários que circulam na boca dos fofoqueiros em toda a cidade! Acho que ele deve pensar que é inveja. Mas foi assim que fez Antonio Mariano: deixou seu povo aqui jogado ao tempo e olha aí o resultado. O ex-trovão do pajeú, caiu numa decadência política horrível, impossível de se levantar. Hoje não é nem um chovisco. Virou mesmo eleitor de Giza e Totonho. Um dia desses ele andou falando em uma mesa de bar que era o pneu de estepe dos dois grupos políticos de Afogados da Ingazeira. Primeiro disse que tirou a ex-prefeita Giza do atoleiro, depois com muita dificuldade o Barão Valadares. Quero ver quem será a próxima vítima do Mariano. Ele continua naquela de pensar que seus fiéis eleitores decidem qualquer eleição em Afogados da Ingazeira. Deixa-o pensar assim. O desengano da vista é furar os ói como diz um amigo meu.

Mas vamos ao que interessa porque o ex-deputado já conseguiu o que verdadeiramente queria: derrotar a ex-aliada Giza Simões e preencher seu ego que tava vazio que só lata de leite ninho em casa de gente pobre. O pequeno trabalhador compra o leite em pacote, aquele do mais barato encontrado em qualquer budega. Tem um tal de leite Vaquejada, ô infeliz rui das costa ôca. O cabra bota um pingo de água e quando dissolve o pó do mardito, fica mais fraco do que coice de bacurim. Mas quem não tem cão caça com gato. Deus é tão justo que prmite que a garotada pobre ande de pés no chão, pisando em bosta e germe de toda espécie sem sofrer uma simples gripe. Mas eu já fugi do assunto novamente? Ô cabra vei besta, esquece isso e vai cobrar da Assistência Social, porque muita gente está reclamando o não fornecimento das cestas básicas há alguns meses, enquanto vai ser gasto seiscentos mil reais nesta festa do centenário. Quem é louco ir cobrar isso do barão? O danado agora deu pra ir pra emissora de rádio trocar farpa com o povo. Tá pior do que aqueles lutadores do ringue, desafiando debatedores e dando ibope ao Nill Patinhas e Aldo Vental.

Voltando ao assunto, Waldecy Meneses chamava sempre dois meninos ao palco e dava um prêmio ao que ganhasse à disputa. Ele convidava dois, porém subiam no palco mais de vinte molecotes. Ocorre que um certo dia o saudoso professor gritou de lá: - preciso de dois garotos agora no palco para fazermos uma brincadeira! Correu menino feito a peste pra riba do palco. Foram escolhidos dois meninos, Heleno Mariano e um tal de Vanda.

Waldecy inesperadamente falou no microfone: - Vamos para o desafio. Vamos ver que traz... Deu uma pausa e concluiu: - uma manga madura. Aí Heleno Mariano e Vanda desceram numa carreira desembestada de rua abaixo a procura de um pé de manga. Heleno Mariano esperto como sempre, chamou o Vanda e falou:

- rapaz vamos lá pro Bairro São Francisco lá tem mangueira pra gente pegar manga a vontade. Vanda caiu na conversa do mariano e fez finca pra Rua Nova, enquanto Heleno só fez pular uma muradazinha próximo ao Cine Pajeú, onde hoje é a residência do ex-bancário José balbino. Deu tempo o espertalhão tirar uma manga, chupar outras e esperar o concorrente se aproximar.

Quando Vanda chegou ao lado da igreja, suado a mais de cem quilômetros por hora, Heleno correu emburacou no cinema e entregou a manga a Waldecy. Vanda ficou bravo com Heleno e só não o chamou de santo. Tanta baboseira pra contar uma coisa idiota dessa? Vai te lascar rapaz, faz um blog desse e conta melhor! Ora. Eu fico com a peste com esses cabras críticos. Já basta Jurandir Pires e Celso Brandão pra comer o juízo do povo. Fui!!!!

quinta-feira, 18 de junho de 2009

O carneiro que Zé Negão ganhou


Político é a peste pra gostar de torneio de futebol, principalmente quando é realizado na zona rural. Aquecido por um carro de som, tocando aquelas músicas fuleiras, estes eventos esportivos atraem gente de todo jeito. Geralmente tem a frente um animador que fica o tempo todo anunciando os patrocinadores e suas presenças na beira do campo. No campo eles colocam um tonel desses de 60 litros e enche de água para os atletas encherem o bucho quando termina o primeiro tempo. O caneco, meu amigo é uma lata de óleo de soja, batida as beiradas pra não cortar os beiços dos jogadores. O triste tibunga na água e nele passam várias matracas. Ah, mas a água é gostosa, a gente sente até o gostinho da ferrugem. Tem tonel que eles danam cimento no fundo pra não vazar o líquido precioso. Serve até de cativeiro pra tatu e peba.

Uma banca de madeira coberta com um pedaço de plástico, cheio de mosca por riba, uma garrafa de pinga, dois pacotes de cigarros que são vendidos em retalho, uma bacia com bolo de caco, umas cocadas de coco dura feito a gota serena, meia dúzia de garras feitas de Farinha de Trigo Boa Soret, e uma caixa de tubibas, enche os olhos da menineira como diz o folclórico Marconi Edosn. As gatinhas ficam nas beiradas, como quem não quer nada, querendo. Ouvindo música, mascando um chiclete e balançando discretamente o esqueleto, elas fazem a festa, logo o domingo é dia da negada do sítio aproveitar. Tem delas que lasca tanta maquiagem na cara que ficam parecendo aquela personagem do SBT chamada Filó.

Os jogadores, coitados, debaixo do sol ardente correm mais do que notícia ruim atrás da redondinha feito boi bravo depois de uma quatro futucadas de ferrão no espinhaço. O fedor de suvaco só eu sei descrever, outro dia um infeliz passou o suvaco no meu braço durante uma partida de futebol que lavei com quatro água e a fedentina só veio sair horas depois. Os barzinhos da redondeza, ficam lotados de bêbados conversando arisia nos pés de balcão e cuspindo no chão. No outro dia a coitada da muher do dono do bar é quem aguenta as prastadas de catarro no cimento. Mais nada melhor do que um saco de estôpa pra sugar a gorda expelida pelos bebuns, depois de algumas tragadas num cigarro pacaia. Sem alambrado, a situação é mesmo do jeito que a matutada gosta. Um grita daqui, outro dali, uns matuto ignorante que só papel de enrolar prego. Olha as lapa de faca na cintura! Tem delas que parecem a espada do He Man. Por falar em He Man dizem que o mataram em Cabrobó. Deus o ponha em um bom lugar.

Que coisa mais feia, a gente ir pra festas e ficar falando depois? Pois é, tem muitos que vão comer, comer, e adispois lasca a língua nos pobres dos noivos. Eu tenho um primo que é um boba serena pra falar. Uma febe tife dessa não é bom ninguém convidar nem para velório. Vai que o mardito fale que faltou bolacha e café. Homi, vamos ao que interessa. Darésio já reclamou o tamanho dos textos, mas Gilberto Moura questionou e eu não sei o que faço. Agradar a dois senhores não posso, então vou por aqui escrevendo minhas besteiras a minha maneira. Voltando ao torneio do Sítio Vaca Morta, realizado a cerca de quinze dias, o vereador Zé Negão deu um bolo nos espertalhões.

Ah, esqueci de lembrar que já é tradição nesses torneios rifar-se um objeto ou um animal e o lucro ficar para o time da casa. Inventaram de fazer um bingo de um carneiro e venderam centenas de cartelas. Numa bendita mesa, estava Renaldo Lima, Zé Negão, Marconi Edson, Viva dono do Corinthians da Vaca Morta, pessoas da comunidade e de outras localidades. Um rapaz passou vendendo as cartelas, e cada uma dessas pessoas compraram no sentido de ajudar. Ocorre que na hora “H” o vereador Zé Negão foi o sortudo da tarde. Só se ouvia o carro anunciar na voz devastadora de Marconi Edson: - Comunicamos que o ganhador do carneiro foi o vereador Zé Negão que ta ali na mesa tomando uma ceivejinha! Renaldo Lima, esperto que só cachorro de fateira, mandou um camarada pedir ao Zé para doar o animal a comunidade. Não deu outra meu amigo, o cabra foi bater lá na mesa do negão.

Enquanto isso, já haviam articulado Marconi Edson para pedir no microfone o carneiro a Zé Negão. Com o microfone em alto som e uma música chula cachorra da molesta por baixo, Marconi falava: - Zé Negão ganhou o carneiro mas pedimos encarecidamente que ele deixe o bicho pros mininos aqui do sítio, é Zé tu já tem demais.

O desgramado do Marconi botou fogo de todo jeito. Renaldo Lima só espiava do outro lado esperando passar uma rasteira logo no Zé, um mala que joga melhor do que todos os malaquias da cidade. Marconi com a boca torta gritava de lá: - Vamos Zé, decida a comunidade precisa de você, o carneiro tá aqui amarrado no pára-choque do carro de som. E botava o microfone na matraca do carneiro esnobando: - Fala meu fi que você quer ficar na Vaca Morta, fala meu fi, vamos convencer Zé Negão. E o carneiro só fazia berrar no microfone. A galera dava gaitada a vontade.

Pra terminar a conversa e não cansar tanto os ói do leitor, quando viu a coisa esquentando pro lado dele, ou seja, toda comunidade ao lado de Renaldo e Marconi torcendo pela permanência do carneiro, Zé Negão saiu de fininho e cochichou no ouvido de um cabo eleitoral. Todos pensavam que o bicho ia ficar pro time, Marconi fazendo à média e Renaldo de lá levantando o dedão seco dando sinal de positivo. Com poucos minutos, um camarada chegou perto do carro de som e falou ao Marconi Edson: - olha meu amigo, o carneiro Zé Negão mandou me entregar, ele já foi embora e falou que de outra vez dar um prêmio melhor, portanto, dessa vez o bicho vai pra cidade.

Nisso Marconi anunciou que o Zé ia levar o carneiro pra casa e foi uma chiadeira desgraçada. Renaldo mudou logo de cor e Marconi nem se fala porque o bicho já é branco que só uma folha de papel ofício limpinha da silva. Zé Negão que não é besta, marcou uma data pra comer o carneiro junto de seus amigos e correligionários. A rasteira que o Limão pensou que ia dar no Negão está agora nos Causos & Contos. E acabou. - Ô estória sem graça! É de tua conta rapaz? Faz o teu!

segunda-feira, 8 de junho de 2009

A cantiga de Zé no Dia da Consciência Negra

Estamos de volta com mais um conto depois de ter passado alguns dias ausente de Afogados da Ingazeira. Não custou muito e me veio à cabeça um causo que aconteceu em uma escola na vizinha cidade de Tabira no final de 2008, numa turma de 3ª série.

O dia da Consciência Negra é comemorado no dia 20 de novembro, por ser o dia em que Zumbi dos Palmares, líder do mais emblemático quilombo do país, morreu, em 1695.

O objetivo da homenagem é promover a reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira, como modo de reduzir o racismo e a discriminação. É, mas nem todos sabem disso.

Pois bem, a professora resolveu trabalhar com os alunos o Dia da Consciência Negra, como forma de superar o preconceito e mostrar a desigualdade ainda existente por esse mundo a fora.

O trabalho apresentado individualmente deu no que falar. Vários trabalhos foram apresentados na dita sala. Aplausos não faltavam porque os trabalhos estavam acima da expectativa; a professora coitada já tava rouca de tanto gritar de emoção.

Trabalho vai, trabalho vem. A meninada estava mais animada do que pinto em merda. De repente chega á vez de José Limeira, um garoto pacato lá do Feijão Puro, um bairro existente na cidade.

A professora com as goelas ardendo gritou: - atenção minha gente, vamos ouvir o que tem a falar o coleguinha de vocês sobre o Dia da Consciência Negra, comemorado hoje.

A classe toda parou pra ouvir. Também depois do grito da sofredora, quem bixiga ia mais dar um piu? O menino se viu rodeado de colegas e pensou que ia arrasar com o diabo de uma cantiga, aprendida não sei onde, nem quero saber, diga-se de passagem, ô cantiguinha feia da brucuta!

Depois de muito silêncio, acanhado por ver tantos outros professores, o garoto passou a mão na cara, lambeu os beiço e disse: - eu vou cantar pra vocês uma musiquinha muito bonita que fala sobre os nego. Vocês vão adorar. Ai os colegas gritaram: - canta, canta, canta!

Sem receio nenhum Zé danou o gogó pra riba sem tom e sem rima:

- nego do suvaco fedorento, rela a bunda no cimento, pra ganhar mil e quinhento! E repetiu: - nego do suvaco fedorento, rela a bunda no cimento, pra ganhar mil e quinhento! Foi gargalhada pra todo lado, teve menino que se esparramou pelo chão, feito manga mole.

A professora aperreada freou a cantiga do garoto: - Pára, pára, pára! Que música mais feia menino, onde foi que você aprendeu isso? O menino todo sem jeito respondeu: - perto de casa tem um moleque que todo dia canta, então de tanto ouvir aprendi.
O fato é real e merece ser tratado com muito respeito, pois, ainda nos dias de hoje existem estes ensinamentos em muitos locais onde a Consciência Negra não chegou definitivamente.

sábado, 6 de junho de 2009

Batendo Orelha – O Guri e o Potro

Nasceu o potrilho, lindo e gordo, filho de égua boa e leiteira, crioula de campo de lei.
O guri era mimoso, dormindo em cama limpa e comendo em mesa farta.
Já de sobreano fizeram uma recolhida grande, sentaram-lhe uns pealos, apertaram-no pelas orelhas e pela cola e a marca em brasa chiou-lhe na picanha.
Andaria nos oito anos quando lhe meteram nas mãos a cartilha das letras e o mestre-régio começou a indicar-lhe as unhas, de palmatoadas.
O potrilho coiceou, na marca. O menino meteu fios de cabelo nos olhos de Santa Luzia...
Em potranco, acompanhava a manada e retouçava com as potrancas, sem mal nenhum.
O rapazinho rezava o terço e brincava de esconder com as meninas... o que custou-lhe uma sapeca de vara de marmeleiro.
Quando o potrilho foi se enfeitando para repontar, o pastor velho meteu-lhe os cascos e mais, a dente, botou-o campo fora: fosse rufiar lá longe!...
O gurizote, já taludo, quis passar-se demais com uma prima...; o tio deu-lhe um chá-de-casca-de-vaca, que saiu cinza e fedeu a rato!...
O potro andava corrido, farejando... Mas nem uma petiça arrastadeira d’água e poronguda achou, para consolo da vida. Té que o caparam.
O mocito, que era pimpão, foi mandado incorporar. Sentaram-lhe a farda no lombo.
Mal sarou da ferida o potro foi pegado: corcoveou, berrou; quebraram-lhe a boca a tirões, dividiram-lhe a barriga com a cincha, quis planchar-se, e lanharam-lhe as virilhas a rebenque e as paletas a roseta de espora. Tiraram-lhe as cócegas... Ficou redomão.
O recruta marcou passo, horas, pra aprender; entrou na forma; agüentou descomposturas; deu umas bofetadas num cabo e gurniu solitária e guarda dobrada, por quinze dias. Cortaram-lhe o cabelo à escovinha e ficou apontado. Era o faxineiro do esquadrão.
Houve uns apuros de precisão... O rocim foi vendido em lote, para o regimento.
Tocou a reunir: era uma ordem de marcha, urgente. O faxineiro recebeu lança, espadão e tercerola.
Quando a cavalhada chegou o primeiro serviço dos sargentos foi assinalar os novos; era simples e ligeiro; um talho de faca na orelha, rachando-a. Bagual assim, virava reiúno.
Quando tocou o bota-sela, o faxineiro estava na porteira, de buçal na mão, esperando a vez. O laçador laçava, chamava a praça e esta enfrenava... e cada um roía o osso que lhe tocava.
- Chê! Enfrena!...
Foi o reiúno que caiu pro recruta.
Aí se juntaram os dois parecidos, o bicho e o homem. E a sorte levou os dois, de parceria, pelo tempo adiante. Curtiram fome, juntos, cada um do seu comer. E sede. E frio. E cansaço, mataduras e manqueiras; cheiros de pólvora e respingos de sangue, barulho de músicas, tronar grosso e pipoquear, nas guerrilhas.
E de saúde, assim, assim... Um teve sarnagem, o outro apanhou muquiranas; se um batia a mutuca, o outro caçava as pulgas.
Quando, no verão, o reiúno pelechava, também o faxineiro deixava de sofrer dor de dentes.
Passados anos, o mancarrão já nem engordava mais, e todo ovado estava. O fiscal do regimento, sem uma palavra de – Deus te pague – mandou vendê-lo em leilão, como um cisco da estrebaria. Um carroceiro comprou-o, por patacão e meio, com as ferraduras.
Passados anos, o praça, aquele, teve baixa, por incapaz, com o bofe em petição de miséria; e saiu da fileira sem mais família e sem saber oficio. Saiu com cinco patacas, de resto do soldo, e sem o capote. Foi então ser carregador de esquina.
O reiúno apanhava do carroceiro, como boi ladrão!
O carregador levava dos fregueses descompostura, de criar bicho!
O reiúno deu em empacar.
O carregador pegou a traguear.
O carroceiro um dia, furioso, meteu o cabo do relho entre as orelhas do empacador e... matou-o.
A policia uma noite prendeu o borrachão, que resistiu entonado; apanhou estouros... e foi para o hospital, golfando sangue; e esticou o molambo.
O engraçado dessa vida é que há gente que se julga muito superior aos reiúnos; e sabe lá quanto reiúno inveja a sorte da gente...

 
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