quinta-feira, 29 de outubro de 2009

SEU JOÃO PEQUENO E OS CABRAS DE ANTONIO SILVINO

Antonio Batista de Morais , Antonio Silvino, foi no década de vinte, o cangaceiro mais temido dos Estados da Paraíba e Pernambuco.

A sua saga, começou como em toda história de cangaceiro, com uma vingança, quando ele matou o primeiro desafeto pra vingar a morte do próprio pai.

Depois matou outros desafetos, gostou e saiu matando os seus e os desafetos dos outros.

Só parou quando foi ferido e preso em Taquaritinga, em Pernambuco.

Seu João Pequeno, era um velhinho miudinho magrinho que tinha uma terrinha no município de Caraúbas, no Cariri paraibano, por onde passava de vez em quando , Antonio Silvino e seu bando desordeiro.

Usava um pequeno chapéu de couro,um bigode branco e cheio, só vestia mescla e sua vida era de casa pra o roçado , e o curral dos bichos.

A rua somente nos dias de feira.

Era o homem mais calmo do mundo.

Só tinha um porém: Seu João , era brabo que só cobra de resguardo.

Um dia, o cão bateu na sua porta , um cabra do bando de Antônio Silvino, foi lá lhe pedir dinheiro e levou uma descompostura.

Saiu prometendo vingança.

Esse mesmo cabra, logo depois, juntou-se com mais outros quatro e numa boquinha de noite, cercaram a casa onde moravam seu João e a mulher.

Com a casa totalmente cercada, o cabra ofendido gritou pra seu João :

Meu véi, a casa tá cercada e num adianta fazer besteira não , nós tamo tudo armado.

O velho ainda perguntou :

E quem vem lá?

O cabra respondeu :

Nós samo fulano, cicrano e beltrano , do bando de Antõe Sirvino.

O velho disse :

Ah, é?

Eles responderam :

É .

E o que é que vocês querem ?

Queremo uma conversinha com o senhor , pra vosmicê aprender a atender pedido de home.

Isso foi seu João:

Ô mulé, tira o saguim de dentro do cano do "cravinote" que eu vou dar uma vadiada com esses meninos lá fora.

Os cabras "queimaram" o chão ...

Por Zelito Nunes

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Marcílio Patriota e a alma penada

Marcílio era viciado em jogo de baralho e quando tinha algum dinheiro fazia o uso das cartas. Certa vez jogou durante todo um final de semana na cidade de São José do Egito(PE).

Na madrugada de domingo para segunda depois de perder todo dinheiro, resolveu apostar a própria roupa. Não era o dia da sorte e em poucos minutos perdeu as calças a camisa e os sapatos.

Liso, com fome e só de cuecas rumou para Ouro Velho (PB) a pé, naquela madrugada fria e escura. Já próximo de Mundo Novo, avistou através da claridade da lua nova uma casa velha e abandonada.

Entrou na casa espantando os morcegos com o chapéu de palha e deitou-se em um dos quartos, porém não conseguiu dormir, estava muito frio e de vez em quando ele ouvia uns gemidos vindos da cozinha.

Sentou-se no chão e começou a pensar, bem que poderia ser uma alma penada e lhe oferecer uma bela botija. Sonhava acordado, se fosse verdade o que iria fazer com o dinheiro da alma. Bem, para começar compraria a Fazenda de Zé Nunes; o caminhão de Severino Ford; roupas novas e jurava nunca mais pegaria em uma carta de baralho. Também não poderia esquecer-se de ir a Monteiro e pagar uma missa a Padre João Honório em sufrágio da alma penada.

De repente uma luz forte invadiu o quarto ofuscando seus olhos e encostada na parede uma mulher vestida de branco falou com uma voz rouca e trêmula: moço eu queria que o senhor pagasse dez mil reis que fiquei devendo na bodega, só assim eu saio do purgatório.

Marcílio se levantou indignado, aprumou o velho chapéu de palha na cabeça, dirigiu-se a porta, pois não dava mais para dormir ali, olhou indignado para a alma e respondeu: Vá para o inferno alminha sem vergonha, logo eu que não tenho um centavo!

AMIZADES SEM PRIVACIDADE

Atividades comuns, seja em qualquer fase da vida, sempre fomentam amizades irrestritas.

Formei amizades inesquecíveis em banhos de rio, treinos de volei, pesquisas escolares, pescarias, treinos e competições de ciclismo.

São amizades sedimentadas em sentimentos desinteressados, amizades puras e simples, desconheço quem não as tenha.

Para Gilvan, Adelino e Zé Mago, o que mais os unia era a paixão pela caça, notadamente de aves de arribação em épocas próprias.

Como Zé Mago era solteiro e morava sozinho, nada mais natural que em sua casa fosse o depósito das espingardas e o canil dos valorosos cães de caça.

Contudo, não há mal que sempre dure nem bem que nunca se acabe, e por força dessa máxima, Zé Mago um dia entrou para o rol dos homens casados.
É certo, e quem se casa descobre muito cedo, o casamento restringe a liberdade.

Se o solteiro que mora só peida e arrota despreocupado sem ninguém que perturbe sua doméstica solidão, o casado, e ainda mais o recém-casado, precisa tomar certos cuidados.

Zé Mago estava recém-casado, ou como se diz em Portugal "casado-de-fresco" e isso o afastou um pouco do contato diário com os companheiros, agora havia interesses mais interessantes que se arranhar e passar fome e sede nos meios dos matos para abater rolinhas um pouco mais graúdas e depois discutir na partilha do produto da caçada.

A coisa estava nesse pé quando chega aos ouvidos de Adelino e Gilvam a noticia de interminável bando de arribaçãs em Quitimbu - "não precisa nem atirar, é de pegar na tarrafa!" - foi assim que a noticia chegou no Bar de Tripa, onde ambos destilavam a ausência do companheiro.

Acontece que caçador é caçador, e uma notícia daquelas requer atitudes!
Assim, de imediato foram para a casa de Zé Mago em busca das espingardas e dos cachorros.

Lá chegando chamaram por Zé Mago e foram entrando, pois, a porta da frente estava apenas encostada, quando de repente ouvem o grito de Zé Mago lá dos fundos da alcova: NÃO ENTRA NÃO! NÃO ENTRA NÃO!

Pararam na sala da frente e viram surgir Zé Mago descabelado, se abotoando afobadamente.

-Tá doido Zé Mago? Indagou Adelino

- Doido nada, eu aqui nas minhas "privatizações" e vocês vão entrando de casa a dentro?

Por Gilberto Moura

sábado, 24 de outubro de 2009

A dor de barriga repentina do prefeito

Casa de prefeito em cidade pequena é a gota serena pra ser procurada. Tem delas que o infeliz do gestor nem acorda e o povo já está na cozinha tomando cafezinho ou na porta do quarto com um cigarro no bico. Às vezes os tristes até se sufocam com a fumaça que entra pelas brechas da porta.

Geralmente aparecem aquelas pobres mulheres, raquíticas, de dentes furados, cabelos maltratados, unhas sujas, há vários dias sem banho com um menino no braço dando de mamar. Do interior do quarto mesmo de porta fechada escutam: - Vai peste mama logo, porque daqui a pouco o prefeito acorda e eu não vou falar com ele dando de mamar não! O pobre do inocente espia pra dita cuja cum uns butico de oi da bixiga lixa.

Aí a outra colega que está aguardando também o poderoso chefão, reclama: - mulher num diz isso cum o inocente, o bichim tá cum fome. Ela dar uma tragada bem forte no cigarro e responde: - basta, mais fome tô eu aqui que num tomei hoje nem um gole de café. Mas também ninguém oferece uma gota de água não as miseráveis... Mas também oh, língua essa minha!

Nisso, o menino começa a chorar porque ela guardou a peitica. Irritada a mãe chama a atenção do bruguelo, por sinal feio que só a palavra teje preso: - Ô boba serena ruim, cala boca se não eu quebro teus dentes, febrento! No quarto, aborrecida a primeira dama reclama ao marido: - eu não acredito que essa gentalha já está aí tirando a privacidade da gente. Manda essas desgraças pra prefeitura, é lá que você deve atender. Já estou cheia desse entra e sai nesta casa.

Mas o que peste tem eu a ver com essas pobres mães de família? Pois bem, havia numa cidade que eu não vou citar nome, mas o leitor deve interpretar e associar a quem bem entender um prefeito arrogante da febe do rato. Poupeiro que só jumento ruim, metido a importante e capcioso pra caramba... Ainda pro riba grosso que só papel de enrolar prego.

Certa feita, duas mulheres resolveram ir à casa do dito cujo pedir uma ajuda para comprar uns brebotos. Não deu outra. Meteram os pés na estrada e foram na esperança de serem atendidas e colocarem alguma coisa no fogo, pois, já era quase meio dia. De longe avistaram o prefeito sentado numa cadeira na maior tranqüilidade. Quando se aproximaram, notaram o brutongo saindo às carreiras para o interior da casa. Imediatamente o homi tomou Doril. Ora, sumiu...

Aí uma delas sem saber do que se tratava indignada virada num maribondo doido pra dar uma ferruada no rabo de um cristão falou: - oi a peste muié, bem que disseram que esse mardito num gosta de pobre. Pia, o infiteto assim que viu a gente correu, parecia um relâmpago, desapareceu num minuto. A outra respondeu: - eu te disse que muita gente falava que esse desgramado é ruim que só a gangrena. Sorte nossa porque ele correu, pior é se ficasse aí você ia ver o cão chupando manga. O bicho ia dar tanta poupa que você ia descer aqui virada na molesta. Aí veio a decisão. - Sendo assim muiézinha vamos embora, melhor do que levar esporro. As duas desceram a rampa fumaçando e bufando de raiva.

Mas o cabra quando pega uma má impressão é a brucuta mesmo! Deixa que o infeliz do prefeito por coincidência naquele momento sentiu uma dor forte na barriga e teve que correr as pressas para o cagador, de luxo claro. Mas também tem uma coisa, a merda dele fede igual à de um pobre, ou quem sabe até pior. Dizem as más línguas que é bem pior, já que essas pestes só comem enlatados, com preguiça de cozinhar e mais ainda de gastar gás de cozinha.

Quando saiu do banheiro, depois da caganeira repentina, o homem 100% ingnorantiun, perguntou a uma das pessoas que estava na proximidade: - cadê aquelas duas mulheres que vinham quando eu corri para o banheiro? Alguém respondeu: - saíram prefeito, inclusive lamentando a sua ausência repentina. Logo, esse pobre alguém ouviu as dóceis palavras do bichão: - mas agora sim, eu vou deixar de fazer minhas necessidades biológicas pra tá atendendo o povo, quem quiser que me procure na prefeitura.

Moral da história: “Quando o camarada ganha uma fama, por mais que esteja certo, há de alguém divergir ou duvidar”.

Qualquer semelhança com algum prefeito da região será mera coincidência!

Pelo amor de Deus, não e venham com futriquinhas! O causo foi criação de minha cabeça e o prefeito (autor sem nome) mora onde o Judas perdeu as botas.

Oh, coisa sem graça. Eu te perguntei alma cebosa? Fica na tua rapaz, quem te chamou aqui. Eita mundo pra ter gente ruim!

 
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