segunda-feira, 8 de junho de 2009

A cantiga de Zé no Dia da Consciência Negra

Estamos de volta com mais um conto depois de ter passado alguns dias ausente de Afogados da Ingazeira. Não custou muito e me veio à cabeça um causo que aconteceu em uma escola na vizinha cidade de Tabira no final de 2008, numa turma de 3ª série.

O dia da Consciência Negra é comemorado no dia 20 de novembro, por ser o dia em que Zumbi dos Palmares, líder do mais emblemático quilombo do país, morreu, em 1695.

O objetivo da homenagem é promover a reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira, como modo de reduzir o racismo e a discriminação. É, mas nem todos sabem disso.

Pois bem, a professora resolveu trabalhar com os alunos o Dia da Consciência Negra, como forma de superar o preconceito e mostrar a desigualdade ainda existente por esse mundo a fora.

O trabalho apresentado individualmente deu no que falar. Vários trabalhos foram apresentados na dita sala. Aplausos não faltavam porque os trabalhos estavam acima da expectativa; a professora coitada já tava rouca de tanto gritar de emoção.

Trabalho vai, trabalho vem. A meninada estava mais animada do que pinto em merda. De repente chega á vez de José Limeira, um garoto pacato lá do Feijão Puro, um bairro existente na cidade.

A professora com as goelas ardendo gritou: - atenção minha gente, vamos ouvir o que tem a falar o coleguinha de vocês sobre o Dia da Consciência Negra, comemorado hoje.

A classe toda parou pra ouvir. Também depois do grito da sofredora, quem bixiga ia mais dar um piu? O menino se viu rodeado de colegas e pensou que ia arrasar com o diabo de uma cantiga, aprendida não sei onde, nem quero saber, diga-se de passagem, ô cantiguinha feia da brucuta!

Depois de muito silêncio, acanhado por ver tantos outros professores, o garoto passou a mão na cara, lambeu os beiço e disse: - eu vou cantar pra vocês uma musiquinha muito bonita que fala sobre os nego. Vocês vão adorar. Ai os colegas gritaram: - canta, canta, canta!

Sem receio nenhum Zé danou o gogó pra riba sem tom e sem rima:

- nego do suvaco fedorento, rela a bunda no cimento, pra ganhar mil e quinhento! E repetiu: - nego do suvaco fedorento, rela a bunda no cimento, pra ganhar mil e quinhento! Foi gargalhada pra todo lado, teve menino que se esparramou pelo chão, feito manga mole.

A professora aperreada freou a cantiga do garoto: - Pára, pára, pára! Que música mais feia menino, onde foi que você aprendeu isso? O menino todo sem jeito respondeu: - perto de casa tem um moleque que todo dia canta, então de tanto ouvir aprendi.
O fato é real e merece ser tratado com muito respeito, pois, ainda nos dias de hoje existem estes ensinamentos em muitos locais onde a Consciência Negra não chegou definitivamente.

4 comentários:

EduBH disse...

Meu pai cantava essa música pra mim quando eu era criança. Hj tenho 38. Só que no lugar de rela a bunda ele cantava bate a bunda! Kkkkkk

Unknown disse...

Está música é antiga minha vó cantava e nos aprendemos ecantavamos tb quando crianças mas não eracantada com consciência de racismo era simplesmente uma canção e hj tenho 54 anos é muitos antiga está musica

Maria Eunice disse...

Não sei porquê me lembrei hoje desta musiquinha extremamente racista que eu ouvia quando criança. Na época eu achava estranho por que se cantava uma coisa assim, porque um negro tinha que "bater a bunda no chão" pra ganhar um dinheiro, mas eu tinha 5 ou 6 anos nessa época, enfim. Hj penso que é mais uma cantiga racista de domínio público, espero que ninguém cante mais isso.

jo disse...

Aprendi com o nenê, um vinagrao da vila, ele cantava para um caboclo seu mineiro, que era meio surdo e fazia um ritmo com a mão enquanto ele cantava hey nwgo preto do sovaco fedorento bate a bunda na calçada pra ganha mil e quinhentos

 
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