quinta-feira, 30 de abril de 2009

O pêido de Darésio na Boate Marquise


Darésio Aristeu é um sujeito bastante conhecido em Afogados da Ingazeira. Jogou nas melhores equipes de futebol da cidade e passou até pelo Socremo, time profissional da cidade de Monteiro na Paraíba. É filho da finada Dora Pixilinga e o seu pai é um dentista velho aposentado lá das bandas de Feira de Santana, no estado da Banhia.

A boate Marquise em meados dos anos 80 foi um verdadeiro sucesso. À noite era casa cheia e entupida, como bucho de menino pobre de periferia quando vê um prato de feijão com farinha e uma colher de óleo de soja por cima. Nas tardes, a minineira como diz Marconi Edson, fazia finca todos cheirando que só a peste, logo a colônia alfazema tava num sucesso da gota serena. Inté as fateiras arrasavam com a verdinha, depois de tratar meio mundo de fato, tomar um banho e derramá-la no corpo.

As gatinhas usavam uma colônia chamada Patchouli; a bicha tinha um cheiro doce que enjoava, não sei como as tristes agüentavam. Lembro que os rapazotes colocavam um litro de coca-cola na mesa e ficavam num rebolado arretado. Darésio ajudava Dionísio da Budega, pai de Alexandre do Celular e de Júnior Prugema. Era um xêlepa desgraçado do homem mais careiro da época. Ah, mas Dionísio gostava dele, mandava buscar água, almoço, café e depositar dinheiro em banco.

Até um gato preto pulguento Darésio dava banho na budega a mando de Dionísio. Pequinha gostava logo o bicho era preguiçoso que só radialista ruim, tipo: me deixa quieto pra num arrumá pobrema como diz Zé Negão e Gonzaga Ferreira. O infeliz trabalhava a semana toda na budega e ainda lavava o carro para o Menundo Alexandre desfilar na rua com um frasco de Cepacol dando injetada a toda hora para resfriar a boca contra o indesejável que atingia as narinas dos filezinhos. Mas compensava porque no sábado à tarde Darésio recebia a mixaria do velho, agora imagine quanto era? O sufiente para comprar 15 chicletes e cinco cajuína. Por isso que o infeliz arrancou logo os dentes. Foi com Dr. Aluísio Arruda. O consultório ficava onde hoje funcina o Zero Grau de Nei Quidute.

Como eu não tinha filé e era liso que bucho de traíra, freqüentava o Bar da Facada, no beco do Mercado Público, o conhecido Bar de Fanfa, que por sinal bateu as botas depois de ter enfrentado um cirrose. Era cada bagaceira no Bar de Fanfa. As negas pareciam acidente de trem e só tomavam Pitu com peixe ou preá torrado num óleo preto da bexiga.

Mas que contador de contos sou eu, que boto até os finados pelo meio? Safadeza rapaz, fica na tua! Seja o que tiver pensando é da tua conta? Aguarde um pouco, peça um minutinho e diga a esse fela que tenha paciência que a estória tá chegando ao final. O cabra vem atazanar mesmo agora. Se for as moriçocas nas pernas, dane um ventilador, se não tiver prestando leve na oficina de João Batista, lá conserta até bola de couro, do jeito que o danado gosta de dinheiro. Assim dizia Martinho Souto que botou ele no ramo.

Eita cabra falador miserável. Mas o nosso assunto é outro, vamos pra trás que na frente tem gente, quer mudar o texto? Então mude homi! Ora, o cabra num ganha nada e ainda é obrigado a receber críticas. Teve uma infeliz de uma leitora que botou no mural aí ao lado que quando leu o texto deu náuseas. Mas eu compreendo...

Em uma noite daquelas Darésio tomou um banho demorado, passou creme pelo corpo, derramou quase um frasco de Piment na cara, escovou a chapa, que o danado não tinha mais os dentes naturais e se danou pra marquise. Chegando lá pediu uma cerveja, e ficou no canto da mesa aguardando dar uma fitada numa garota daquelas que estavam remexendo o esqueleto no salão ao som do “meu ursinho blau blau de brinquedo”. De repente conversou com uma delas e no horário das músicas lentas a convidou para dançar. Bem coladinho, Darésio foi amaciando e deu-lhe uma beiçada. Com uma pastilha Halls na boca o desenrolado conseguiu enganá-la. Poucos minutos depois veio uma vontade triste de dar um pêido. Sustentou a barriga, fez força, torceu o calcanhar e não deixou o mardito sair.

Novamente a barriga pressionou mas ele controlou. O suor frio chega molhou o fucinho. A gatinha até o indagou porque estava suando, mas ele alegou o calor. Fez força, se remexeu até o pescoço e conseguiu manter o furico fechado. Ele me falou que pensou: - mas rapaz logo agora? De nada adiantou tentar fugir das tripas gaiteras. Na segunda música, quando ele pensava que estava bem, até curtia o som cantando baixinho no ouvido da dita cuja: “Meu mel não diga adeus, eu tenho tanto medo”, aí meu amigo ele não mais agüentou e deixou o pêido sair devagarinho, como quem tá comendo um corró torrado cheio de espinha.

Ele se espremeu de um lado pra ver se retia o cherinho de bebê que havia sido evaporado do furico, se espremeu do outro, mas a gatinha começou a sentir pela gola da camisa. O peido entrou de blusa a dentro e saiu quente que só água de pelar porco. A garota tentou se afastar do aloprado, mas ele deu uma gravata na coitada quem nem trinta homens separava. Tinha uma turma dançando próximo, correu e a infiteta da bufa ficou rodando no local. A essa altura sem ter mais alternativa, Darésio falou no ouvido da menina:

- Tais sentindo o mal cheiro, parece que bufaram?

Aí a menina revoltada falou: - é mesmo e bufaram agora na minha cara com outro odor diferente, por favor me solte que eu estou com falta de ar, você parece que comeu lama! Aí Darésio descofiado que só cachorroo de fateira, soltou o piteuzinho no salão com uma vergonha daquelas. O jogador tentou se justificar mas a sofredora deu no pé, não quis nem escutar.

Daquele momento em diante Darésio nunca mais foi na Marquise, porque a gatinha contou o fato as amigas na escola e eu estou relatando nos Causos & Contos. Que sem graça rapaz, tenha vergonha!!!

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